domingo, fevereiro 27, 2005

Skellig

Kerry, Ireland: Skellig Islands and Ballinskelligs Bay
Skellig - Loreena Mckennitt

Oh, acenda a vela, John
A luz do dia já quase se foi
Os pássaros cantaram suas derradeiras
Os sinos chamam todos para a missa
Sente-se aqui ao meu lado
Pois a noite é muito longa
Há algo que devo lhe dizer
Antes que eu parta para longe

Eu me liguei à irmandade
Meus livros foram tudo para mim
Eu rabisquei as palavras de Deus
E muito de História
Envelhecido eu estava
Empoleirado acima do mar
As ondas deveriam lavar minhas lágrimas
O vento, minha memória

Tenho ouvido o oceano respirar
Exalar sobre a terra firme
Eu sabia do sangue da tempestade
Sua ira eu deveria tolerar
E então os anos se passaram
Dentro de minha cela rochosa
Com apenas um rato e um pássaro
Meu amigo, eu os amava muito

E então veio a passar
Vim aqui para Romani
E muitos anos levaram
Até eu chegar aqui contigo
Em estradas empoeiradas caminhei
E por sobre altas montanhas
Através de correntezas profundas
Sob o céu sem fim

Sob estas flores de jasmim
No meio dos ciprestes
Te dou todos os meus livros
E todos os seus mistérios
Agora pegue a ampulheta
E vire-a de cabeça para baixo
Pois quando a areia estiver parada
Será quando me acharás morto

Oh, acenda a vela, John
A luz do dia já quase se foi
Os pássaros cantaram suas derradeiras
Os sinos chamam todos para a missa

Livre Para Voar

Voe pensamento e vá de encontro à mais veloz águia que porventura estiver cruzando os céus em sua suma liberdade, pergunte a ela o que pode ser feito para se ser feliz. Quão grande é o céu, límpido azul como o de ontem ou cinza claro como o de hoje, porém nós estamos presos aqui, nesta ilha que é o mundo, neste lugar de desencanto e de lamúria, se ao menos encontrassemos um oásis em pleno deserto de areias escaldantes, talvez assim, eu não desejaria ser como tu águia, ter o firmamento como morada e o ninho entre as mais altas montanhas, verdadeiras muralhas no horizonte.
Aqui nesta terra firme, o sol queima nossas costas, as areias fervilhantes torram os nossos pés, o vento cálido termina por acabar com o nosso corpo deteriorado, mais do que o conjunto formado por ossos e músculos, a nossa alma também é atingida por essa forte onda que abafa os nossos verdadeiros sonhos, fogo que consome a vida. Como eu poderia ser feliz se pudesse flutuar no ar e subir até o limite dos céus, como seria refrescante sentir as primeiras brisas no céu a tocar no meu rosto, levantar os cabelos revoltosos com o vento e arrancar lágrimas dos meus olhos.
Por que Deus não nos fez com asas? Ele deve ter lá suas razões, talvez temesse que voássemos alto demais, então fugiríamos por aí, nos perderiamos nos limites do tempo e voaríamos acima do seu reino, acima do seu trono. Gostaria de ser igual a uma águia, ou a qualquer pássaro. Um ser que povoa o céu dos mais altos picos, no teto do mundo, que vive e voa livre por aí, sem eiras e nem beiras, sendo o céu o seu horizonte. O céu é o limite... e ser feliz é sentir-se livre como um pensamento lançado ao vento.
Mas pelo menos, Deus nos deu pernas para caminhar, e as plantas que vivem aterradas num mesmo lugar pelo tempo que lhe restar de vida?

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Boa Noite!


Um bom descanço e uma boa noite é tudo o que preciso no momento, espero fazer de minha cama uma gostosa rede como que pendurada numa lua que mingua, e que o tão esperado descanso venha ser de uma leve brisa em noite de luar mingante... espero que assim seja.

Poemeto


O MUNDO É GRANDE

"O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar."


Carlos Drummond de Andrade

"Lady D’arbanville"

Minha amada D’Arbanville
Porque continuas a dormir
Se o dia amanhecendo está
Acordarás já tarde justo hoje?
A manhã será tão bela, levanta-te!

Minha amada D’Arbanville
Algo está a doer em minh’alma
É tão doentio o teu sumo silencio
Que me faz pensar em coisas sinistras

Estás tão fria! Como uma noite de inverno,
Estás branca como a neve que há muito caiu
Acorde minha amada D’arbanville, olhe!
Já se faz o dia e os fantasmas foram-se, todos.

A tua pureza nunca há de esmorecer
Te ressuscitarei, minha eterna amada
Minha querida lady D’arbanville. Logo,
Fecharei meus olhos e dormirei contigo

Eternamente...
Poesia inspirada na música homônima de Cat Stevens

sábado, fevereiro 19, 2005

12 O' clock

Às doze horas da noite os sinos badalam, anuncia-se uma madrugada escura e fria que antecederá ao dia cálido que brota das montanhas todos os dias com o sol morno da manhã. Bem ao longe se ouve um lamento, como se fosse uma triste música, não diria um lamento se não fosse tão belo. Algumas janelas deixam-nos transpassar a luz de lâmpadas frias, as luzes que tentam amainar a angústia que brota em muitos corações desamparados. Frutos da insônia alguns homens deitam-se com medo da noite escura, e os halos elétricos suspensos no teto os fazem escravos do próprio medo, certas janelas denunciam certas pessoas que escrevem sobre a escrivaninha coisas que estão guardadas em seus corações, diários são escritos à noite, contos e estórias são marcadas num papel em branco e sem vida, mas que ganham total importância quando registram a semeadura do homem, as mais belas músicas são compostas no clima noturno quando imperam as brisas geladas e o medo da solidão, na noite se reflete sobre os medos que nos reprime, e nesse ritual metade da madrugada vai se embora cantado uma lamúria que termina com o amanhecer. O vento percorre sobrevoando a cidade atrás de pessoas assustadas e frias, o mesmo atravessa as venezianas zunindo um assovio de arrepiar os pelos, o vento seca as lágrimas dos aflitos e queima a pele dos desprotegidos, muitos procuram um pouco de calor humano para se aquecerem nas noites geladas da fria madrugada, muitos trilham sozinhos o seu caminho sendo castigados pela maldosa fúria do vento que é fina e breve, mas que gela a alma. Muitos são os que precisam seguir uma filosofia para se sustentarem em pé, tais homens esperam por algo que os amparará dos caminhos pedregosos, aguardam e seguem na vida soltos pelo destino, alguns aguardam a morte para se sentirem aliviados do martírio que é viver. Na noite escura da alma os amores se aquecem, as pessoas se entregam aos seus pontos, o amor nasce a partir do momento em que dois ou mais seres formam uma unidade.
Aos poucos as luzes se apagam, uma a uma as mesmas vão perdendo a importância que exerciam nas pessoas que estavam sob o seu jugo, os corações confortados pelo calor das lágrimas que há algum momento desciam pelo seus rostos, dormem agora aquecidos pelos lençóis grossos, já sem medo fecham os olhos somente para abrirem quando o sol estiver apontando no horizonte, alguns que escreviam, há muito largaram em cima da mesa os lápis e as folhas já preenchidas de vida, os mesmos descarregados foram para a cama dormir sossegados. A cidade está agora domínada pelo sono e as brisas já caminham pelos ares sem muitas forças... o luar rareia e a noite escura já é uma pálida lembrança. Pra lá da meia noite, pouco menos das seis horas da matina, o sol desponta tímido através das montanhas do leste e aos poucos a cidade ressurge no colorido do céu alaranjado.
Mas não me esqueço daquela casa, aquele quarto no qual uma lâmpada teimou em permanecer acesa por toda a noite, estiva por certo ouvir dalí o mais belo canto que até então ouvira, doce, triste, incerto, melancólico, um verdadeiro lamento. Porém quando o sol surgiu já não mais se ouviu a melodia, já não mais se enxergava a luz pálida da lâmpada fria ... já não se ouvia e não se via mais nada...

Leitura

Gostaria de ler algo muito bom, bom mesmo, igual àqueles livros que te prendem do início ao fim, como os muitos que já lí, mas eu queria algo novo que me fizesse despertar para uma nova forma de literatura. Um romance misterioso ou talvez um épico desbravador. Quem poderia me indicar um livro que fosse ao mesmo tempo romântico e fantástico?
Gostaria de ler muitas coisas boas e acabar com esse marasmo literário no qual me encontro, quantos livros interessantes que caíram nas minhas mãos e eu não tive o ânimo de concluí-los, mais por parte do cansaço físico pelo trabalho na loja do que por outra coisa, pois não tenho cedido o devido tempo para me dedicar a leitura, sendo ela reflexiva como a de um clássico, ou mesmo, como a uma leitura gostosa de um best-seller da atualidade.
Mas sempre seguirei no intuito de buscar algo que desperte em mim, novamente, o louvável interesse na literatura e nos seus clássicos universais, e o desejo pelos romances que nos proporcionam gostosas leituras, além de acrescentarem em nossa vida algumas de suas lições. Um dos meus maiores sonhos é o de formar uma vasta biblioteca com muitos títulos e volumes, e mais que meros títulos e meros tomos, muito conteúdo!

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Divagações

O bairro onde moro é um lugar cheio de árvores por todos os lados. Perus fica próximo da Serra da Cantareira e do Pico do Jaraguá, logo, o verde aqui é total. Os eucaliptos que ficam atrás do prédio onde moro são realmente muito belos, não me canso de os olhar pela janela do quarto que dorme os meus pais, eles têm o poder de ser calmante natural para os olhos cansados do concreto armado e do asfalto escuro da cosmopolita cidade.
Mais além, enxerga-se os montes calcados de muitas espécies nativas de todos os tipos de árvores que enriquecem a Mata Atlântica, visivelmente entrecortada pelas veredas de gigantes, titãs que transmitem a energia elétrica para toda a região, não há um só lugar que não tenha, se quer quaisquer elementos que não denunciem a presença do homem, pois logo olhando para a direita das montanhas, enxerga-se uma grande cratera cravada na serra causada por consequência da extração de pedra, é o homem modificando o seu meio a uma velocidade desenfreada, isso já faz parte de nossa natureza, afinal, vivemos numa sociedade que exige o progresso a qualquer custo, pena, pois isso destrói o que temos de mais belo, a natureza que nos cerca, ela é o nosso meio ambiente portanto fazemos parte da própria.
É satisfatório deixar de lado certas divagações e olhar mais para cá, logo em frente ao parapeito da janela, mirar a tenra monotonia da verde mata que é cortada por um caminhozinho inóspito e mágico, uma rua só de Eucaliptos, curiosa imagem que entra constatemente na minha casa pela janela que sempre está aberta.

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Grande, negra nuvem!

Dusk Alabama Hills by Alan Ross
Death Valley and the Alabama Hills, April 18-22, 2005 - Alan Ross
As nuvens negras estão a esmagar a tudo e a todos
Afinal, elas chegaram para estatelar-nos.
A angústia se forma, condensada e negra,
Como um dia que escurece em redenção à tormenta
Que irá varrer a geografia de toda a extensão terrena
Levando consigo os horrores da falta de consciência.
Serão os ventos, seus amigos, os fortes aliados.
Poucos sobreviverão à fúria desenfreada da natureza
Que castigada se faz renovar após os “estragos”...
Por nós, seus mais descomedidos algozes, causados!

domingo, fevereiro 13, 2005

Era uma vez...Chaplin

As vezes eu fico imaginando se Charles Chaplin realmente existiu, será que toda a sua vida não foi uma mera representação da arte que vivia arraigada em sua alma?! Será que alguma vez Chaplin se recordou de recuperar o seu verdadeiro eu que jazia escondido nos mais intimos lugares do seu ser? Sua vida era nada mais do que a mais romantizada novela da vida real, a sublime beleza dos seus atos encantavam ao público que ávidamente assistiam mudos ao grito silencioso de cada lágrima de consolo que escorria dos olhos do sempre amado Charlitos, a cada travessura uma nova doçura e uma nova forma de enxergar uma luz no fim do túnel, e assim a esperança se fazia de novo, na dura vida dos excluídos que à margem da sociedade vivem suas sortes à mercê da compaixão divina.
"Charles Chaplin deu vida a si próprio no cinema, sua arte era a sua própria existência"
>>
"O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido."
(...)
"Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!"
trecho "O último discurso"
de “O Grande Ditador” - Charles Chaplin

Siga-me, Lua!

No último sábado, ou seja, há mais ou menos umas horas atrás, estava eu na lotação vindo para casa após um dia inteiro de trabalho na BESNI, cansado como sempre, mas mesmo assim eu lia um livro e de vez em quando eu olhava a paisagem distraídamente através da janela, já era noite alta e a lua despontava bem no alto, lá em cima, o astro despejava em luar os seus pálidos raios de luz sobre a terra.
Na lotação tinha uma menina, por volta dos cinco anos, acompanhada por sua mãe, ela não parava de falar nem sequer por um minuto, muitas vezes eu até parava para escutar o que ela tanto falava, pois estávamos perto e assim a ouvia perfeitamente. Em um dado momento ela virou-se para a mãe e perguntou-lhe com uma inocência típica da sua idade:
- "Mãe! Por que a Lua está seguindo a gente?!"
Esta frase veio à tona em minhas lembranças, a partir de então comecei a me recordar dos meus tempos de criança, quando sempre fazia esta mesma pergunta para minha mãe, me lembro que ela sempre me respondia: "a lua está em todos os lugares", ela falava que quem andava éramos nós e não a mesma. Mas mesmo assim eu não a entendia, sempre procurava uma forma de entender como a Lua conseguia nos seguir aonde fôssemos! Foi uma era mágica aquela que deveras não mais voltará!
Postei este texto porque achei interessante o fato de ter crianças os mesmos pensamentos e as mesmas perguntas, não importa o tempo ou a idade, os pequenos sempre sonham as mesmas fantasias!

terça-feira, fevereiro 08, 2005

Em Busca do Sol Dourado


© 2004 - Hugo Silva - Adeus
O sol que hoje queima nossas faces um dia não mais as queimara
Hoje sua forte luz brilha absoluta pela eternidade de nossos tempos
Mas chegará o longínquo momento em que a mesma se extinguirá,
Suas rajadas de calor não mais serão singelas e fontes de vida
Ver se a um sol vermelho se esvaindo num alto horizonte
Chorando os anos em que era o deus de muitas mitologias
Quando seu viço e força vil atraía para si os mais belos cantos
E as mais belas musas eram enamoradas de seu esplêndido ser.
Virá o tempo em que será uma estrela branca e anã, insignificante
Perdido no tempo e no espaço, procurando o seu dourado esplendor
Mas não mais terá o viço dos tempo nostálgicos de outrora
Triste será o fim da estrela que hoje rege as nossas auroras
Tão bela e tão saudosa como é a visão de uma tarde morrendo,
Com seu céu de baunilha e suas cores alaranjadas no horizonte.
Não haverá um mundo e nenhum ser vivente chorará a sua morte...
A morte que já foi vida e que agora é um ponto final
Porque após o sol nada mais haverá, nada mais será!

Canção do Sul


Zip-A-Dee-Doo-Dah
Disney

"It happened on one of those Zip-A-Dee-Doo-Dah days
Now thats the kind of day when you can't open your mouth
Without a song jumping right out of it"

Zip-A-Dee-Doo-Dah Zip-A-Dee-A
My o my what a wonderful day
Plenty of sunshine in my way
Zip-A-Dee-Doo-Dah Zip-A-Dee-A

Mister blue birds on my shoulder
Its the truth
Its actual
Evering thing is satifactual

Zip-A-Dee-Doo-Dah Zip-A-Dee-A
Wonderful feeling
Wonderful Day
Yes Sir

Zip-A-Dee-Doo-Dah Zip-A-Dee-A
My o my what a wonderful day

O plenty of sunshine in my way
Zip-A-Dee-Doo-Dah Zip-A-Dee-A

Mister blue birds on my shoulder
Its the true
Its actual
Everything is sandifactual

Zip-A-Dee-Doo-Dah
Sip-A-Dee-A
Wonderful feeling
Feeling this way

Mister blue birds on my shoulder
It is the truth
Its action
Huh........ Where is that blue bird
MMMmm MMMmm
Everythin is satifaction
Zip-A-Dee-Doo-Dah Zip-A-Dee-A
Wonderful feeling
Wonderful Day

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Nostalgia

"Hoje pela manhã passei em frente a uma casa, estava velha e acabada, o mato crescia por todos os lados, uma velha roseira com grossos espinhos e flores de saudosas pétalas já sem poda por algum tempo crescia selvagemente, o portão da velha casa estava carcomido pela intempérie, o seu telhado aos pedaços denuciavam os anos passados, grossas rachaduras pelas paredes diziam-me que seu tempo de vida estava chegando ao fim, enfím, a casa já havia morrido há muito tempo!
Fiquei saudoso ao saber que naquele lugar havia nascido uma grande paixão, num tempo distante cada tijolo fora erguido com sabedoria para abrigar a família mais feliz que se tivera notícia, as flores, uma a uma, foram cultivadas com esmero para formar o jardim mais singelo que o amor pudera construir, e assim o foi!
Viveram alí o amor, a união, a prudência, a felicidade e a esperança, naquele lar o alicerce maior fora o amor, contínguo, razão pela qual durou até que nem a morte o fizesse separar, ainda lembro da casa na qual avistei hoje pela manhã, naquela rua esquecida pelo tempo, nela ainda nasciam os botões de rosa, que por gerações resistiam ao abandono, e mais uma vez a nostalgia tomara conta da minha mente!"

O Anjo da Madrugada

Um anjo esta noite veio me visitar, a sua presença preenchia toda a extensão do meu pequeno quarto, acordei com a sua claridade no ar. Ví que ele olhava para mim constantemente, os seus olhos eram singelos, transmitiam a paz que eu desejava, mas assustado e inseguro, me escondi por debaixo da coberta e nas entranhas do meu eu tentava lutar contra o medo, mas logo decidi levantar os olhos e enfrentar seja lá o que fosse, no entanto naquele quarto frio e solitário o calor confortante fluia e se fazia sentir.
Não nos falávamos, e assim permaneciamos por todo tempo, até que para quebrar o silêncio da madrugada eu timidamente perguntei o seu nome, nada me respondeu, então eu perguntei-lhe o que fazia ele ao meu lado, somente após alguns minutos me falou com sua doce voz, disse-me com um tom aveludado que ali estava para me fazer confortar, fazer de mim romper o rio de lágrimas que em desatino descia pelo meu rosto depositando-se no travesseiro, foi aí então que percebi que o mesmo estava embebecido por toda a dor, que em mim se fazia líquido, e que me apertava a garganta numa ânsia de gritar, mas minhas cordas vocais estavam travadas e de mim nada saia a não ser lágrimas, lágrimas de tristeza e de solidão.
Disse-me que Deus condoia-se ao me ver em prantos e eu a chamá-Lo com muita dor no coração só fazia crescer o Seu amor, Ele enviou-o para dar o consolo ao seu filho, pois afirmou-me, que Deus não se agrada do sofrimento dos seus pequenos. Foi aí então que eu percebí o quão grande era o amor de Deus por mim, então eu chorei mais uma vez, as lágrimas mais uma vez desciam em dueto pelo meu rosto, pois nunca na minha vida um amor tão grande tocou meu coração, minha alma foi recolhida pelo Senhor e então pude dormir em paz.
Logo pela manhã quando acordei, vi uma tímida réstia de luz atravessar uma brecha na janela do meu quarto, senti que alí estava todo o poder divino, pois um novo dia quente de sol amanhecia e a presença de Deus mais uma vez preenchia todo o mundo, sua glória sondava a todos e a paz espiritual tão almejada pelos que esperam no Senhor se propagava no ar com uma brisa da manhã, leve e solta no vento!
E assim, a treva se fez luz, a angústia se fez calma, o pranto se fez riso, e eu me refiz de tudo isto!

domingo, fevereiro 06, 2005

Enfím, cai a noite!

©2004 Paris by Night - José Gama
São poucas as palavras que existem para definir esta imagem, uma fotografia lindíssima, um lugar mágico e único em todo globo!

O caminho

Da alta campina enxergo o caminho pedregoso diante de meus olhos, o caminho que trilharei, e que fica entre as altas montanhas, nos vales secos de uma terra empoeirada. Sigo o caminho feito por outros que num passado, talvez distante, andaram por esta mesma via sacra da vida deteriorada, em busca do descobrimento de um vale verde e fértil bem ali, após as montanhas de pó e de tristeza, em busca da razão do seu destino incerto. Como se fosse em romaria, busco uma catedral cravada no deserto que é minha vida, onde posso descansar, beber água viva e limpar a minha alma. "A vida é curta", já se dizia assim no passado, cheios de incertezas vadeamos por aí, nossa vida é andar, trilhar o mundo em busca da paz, meramente almejada pelas almas cansadas do viver, quem sabe um dia encontraremos uma estrada que nos leve à um mundo esplêndido, que nos leve à um simples momento de grandeza e que nos faça esquecer, nem que seja por um momento, nosso triste passado, nosso presente incompreendido e nosso futuro incerto.
Descendo o vale vou adiante, seguindo por uma pequena estrada de terra, passo por casas abandonadas, árvores floridas, porém espinhosas, passo por pessoas mais mortas que eu, e que ainda conservam um simples sorriso para um andarilho desconhecido, adiante distinguo pedras e estrada... estrada, casas destelhadas, e mais estrada. Olho para o céu, infinito azul, enorme presente de Deus para os fiéis em suas jornadas pela terra, neste momento sinto minha vista cansada escurecer, por um momento pensei que iria permanecer no chão após a queda esperando os abutres bicar minhas duras carnes, mas passageiramente me restabeleço do susto, não seria um susto morrer nesta minha idade sem graça, pois qual a graça que um velho inútil pode ter, neste mundo de Deus? Porém, ao me levantar do chão me deparo com uma linda paisagem verdejante, antes arruinado, o vale pedregoso se transforma num lindo campo florido, repleto de árvores frutíferas, no lugar do leito seco de um rio, o mesmo que usava como caminho, agora um remanso de esplendorosa beleza mística, com seus peixes nadando em águas semicristalinas, seixosas e ondulantes as águas graciosas desciam o caminho caudaloso com preguiça e destreza. Andando com admiração sem saber como cheguei àquele lugar, fiquei me perguntando se eu morrera em decorrência do escurecimento de vista, sim, obviamente eu morrera e estou no paraíso dado por Deus para os humildes de alma e coração, estava feliz para rever, se possível, meus queridos de outra vida, pais, amigos e parentes.
Percorrendo o leito caudaloso do rio, sigo em busca de pessoas, semelhantes, provas vivas que confirmam que realmente estou no paraíso, mas, mais adiante na curva de rio, sem nada encontrar, me deparo com uma capela, pequena capela, de aspecto conservada, branca e azul nos detalhes, simples mas bem cuidada, prova que alguém a conservava muito bem, atravessei a nado o rio e me encontrei diante do singelo templo, atirando o chapéu ao chão entro irresoluto, dentro uma telha furada logo acima do altar deixa transpassar uma luz que diretamente ilumina uma cruz, não uma cruz qualquer, mas uma cruz símbolo da vida e não da morte, como a cruz carregando Cristo com sofreguidão, arrepios me sobem a espinha, não sei se medo ou emoção, um sentimento de fuga e ao mesmo tempo de permanência me sobem à cabeça, resolvo compartilhar com aquele momento único em toda minha vida de incidentes, agora percorro os vãos do templo cristão, que por dentro se revelam bem maiores do que vistos por fora, choro emocionado por sentir pela primeira vez uma felicidade extremamente verdadeira em toda minha vida, uma felicidade que vem do coração, e me julgo alguém importante, neste momento fui feliz como ninguém jamais foi... Indo a uma janela fechada, eu caminho por quadros de imagens bíblicas, observo-as e me lembro das histórias que mamãe me contava sobre Moisés e o povo de Israel, lembro-me de quando Davi se tornou rei em sua infância, me lembro ainda de João Batista pregando no deserto, e de fragmentos de muitas outras histórias que mamãe antes de dormir me contava com amor.
Abrindo a janela me deparo diante do rio, assustado descubro o leito seco e pedregoso do remanso, o caminho que antes eu percorria, antes de me julgar morto, assustado olho com precaução ao redor da igreja, acabada, abandonada, suja, destelhada e arruinada, meu choro agora de medo e horror me faz desesperar, me faz perguntar onde está o vale florido e repleto de árvores, me faz questionar o paradeiro das águas do rio, me faz querer saber onde está o asseio da capela em que me encontrava. Desesperado eu procuro a luz mística que atravessava a telha quebrada iluminado a cruz da vida, logo me defronto com uma cruz feia, com um Cristo feio pregado com estacas verdadeiras, a luz misteriosa permanecia no mesmo lugar em que uma telha quebrada resistia a intempérie, uma telha vencedora, uma das últimas que ainda estava no seu devido lugar, a mesma luz só que com um foco diferente, com um sentido assustador. Perdido em meus devaneios enlouqueço, inicio meus anseios de velho em terminar de arruinar o pouco que me resta de vida, acabei com tudo que as minhas forças permitiram, usando o madeiro de um Cristo que ainda lutam em deixa-lo crucificado. Assim creio que acabei morrendo, exaurido por minha falta de vontade de persistir com a minha loucura, sem forças permaneci estirado ao chão por um eterno momento, esquecido por mim mesmo ...

Expressão



Um choro, um lamento
Num só momento;
Lamuriento.
Um tempo
Um tanto
Lamento

Uma lágrima em cada lado
Choro que desce em dueto
Assimétricas, métricas
Lágrimas de desterro.

Uns olhos tristes
Que choram, o menino
Que molham, o menino
Desesperançado-o

Olhos, queixo, boca
Braços, fronte
Alma e desespero:
Expressão de dor!

Dor interna, psicológica
Psico Logia de um menino
Que chora por lamento
Sua agonia imódica!

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Cansaço

Pode se dizer que hoje estou inteiramente cansado, cansado seria uma mera palavra para resumir as minhas costas doendo e minhas pálpebras teimando em se fechar, trabalhei o dia todo, aliás como faço todos os dias de segunda a sábado, mas parece que hoje o meu corpo decidiu fazer protesto, mas fazer o que, trabalho é algo que temos que zelar muito por ele, pois hoje em dia encontrar um é tarefa para alguns. Mas o fato é que estou totalmente cansado, minha mente também anda estafada, ou melhor, eu ando com a cabeça nas nuvens, não sei mais o que é coisa com coisa, todos os dias esqueço algo na loja, preciso tirar um tempo para mim, mas quando? Meu emprego é recente, férias somente daqui a um ano e meio, a melhor solução seria encontrar um outro trabalho, é isso, eu acho que é o meu serviço que está me deixando desparafusado, mas quase não tenho experiência, pois este trabalho na BESNI é o meu primeiro emprego, mas... Por que a vida é sempre cheia de "mas", eles não servem pra nada, aliás, ele são uma extensão do "não", o certo Não que nunca digo, mas que sempre ouço.
Estou cansado. Tudo é cansaço, tudo é não, tudo é mas... Só quero um pouco de paz, se não for pedir muito, uma massagem feita por uma bela morena não iria nada mal! (risos)