domingo, junho 26, 2005

Feliz São As Crianças

Taken by Aurel Duta - Romania

Amigo do Sol, amigo da Lua
Benito Di Paula

E ê criança presa ê, brinquedos de trapaças
Quase sem história pra contar
Você criança tão liberta me tire dessa peça,
E assim ter história pra contar

Estrela que brilha em meu peito e me leva pro céu
Em cantos cantigas canções de ninar
Me deixa no galho no galho da lua
No charme do sol pra me despertar

Estrela que brilha em meu peito e me leva pro céu
E Em cantos cantigas canções de ninar
Me deixa no galho no galho da lua
No charme do sol pra me despertar

Vem amigo nadar nos rios
Vem amigo plantar mais lirios
No vale no mato e no mundo vamos brincar

Vem amigo nadar nos rios
Vem amigo plantar mais lirios
No vale no mato e no mundo vamos brincar
...
Ah, se eu tivesse a oportunidade de ser criança novamente, como eu brincaria, me cansaria muito mais de tanto ser criança, jogaria o mundo para o alto como a uma bola de soprar, sairia correndo pelas ruas tomando banho das bicas que escorrem as águas da chuva, faria as amizades mais sinceras. Ah, se eu soubesse o quão eram gostosos os dias da minha infância, certamente teria vivído muito mais a vida sem preocupações, livre de qualquer angústia ou tristeza, viveria sem ter que carregar o peso da vida e tratava da mesma como se fosse uma eterna juventude!

sábado, junho 25, 2005

Retrato em Branco e Preto

Esta é a estrada estreita e longa pela qual trilharei neste inverno, um caminho que durará até a chegada da colorida primavera. As árvores já desprovidas de folhas pendem sobrecarregadas com o peso dos flocos de neve, que mais parecem algodão, seus raminhos são agora galhos secos e escuros, castigados pelo frio invernal, assim formam a alameda que margeia a comprida estrada que dará em lugar algum.
Os ventos do sul trazem consigo os mistérios dos quais procuro compreender, da vida escondida das minhas vistas, concebidas no ar do inverno, tráz o frio para me queimar o rosto, deixando-a vermelha e ressequida, arrancam-me lágrimas, não de sentimentalismos mas, de proteção aos olhos agredidos pelas fortes lufadas dos ventos invernais, os mesmos que trazem consigo a força para fazer brotar das árvores as folhas arrancadas no outono passado, conservando a vida e a vitalidade das coisas.
Sigo a estrada sem vontade e sem ânimo, os dias de inverno são compridos e rotineiros, a estrada me parece duas vezes maior do que a mesma no verão, com a graça da paisagem que se estende pelas colinas que são cortadas pela a alameda, na estação que vinga, tudo parece um retrato em branco e preto.
Mas... ouvindo a música da natureza, orquestrada pelos bichos que se escondem do frio, do ranger de dentes, das lufadas dos ventos que transpassam as árvores arrancando-lhes os seus gemidos, como se fosse um violino, ouvindo esta sinfonía, verdadeira rapsódia do ambiente frio e cinza, vou seguindo a pequena estrada comprida em busca da primavera que um dia baterá à porta e me mostrará um mundo colorido e perfumado.
Enquanto isso vou aproveitando o inverno da melhor forma possível...

segunda-feira, junho 20, 2005

Véspera de Inverno

Hoje o dia esteve tão frio e chuvoso, e tudo o que eu pensava quando estava no trabalho era exatamente não estar alí naquele momento. Eu imaginava, ou melhor, eu podia sentir o suave toque do edredon cobrindo o corpo confortávelmente alojado numa cama macia, para dar um clima bem de inverno, um chocolate fumegante embaçava as lentes dos meus óculos, sim eu uso óculos apesar de não enxergar grande coisa, um charme a parte, bom, mas voltando à manhã de véspera de inverno, o chocolate, posso sentir, levemente adocicado descendo pelas vias da garganta, amaciando cada tecido e aquecendo com o seu vapor toda a massa corpórea, além de todo esse ritual invernal, porque não uma televisãozinha? Seria o quadro perfeito para uma manhã fria! Ah! Como é bom sonhar os sonhos que são rea(lizave)is, e imaginar as coisas mais simples, que na verdade são as mais difíceis de acontecer.
Isso me lembra a pequenina fábula da Formiga e da Cigarra, ambas se deram muito em determinadas estações do ano, mas qual das duas foi mais feliz? A cigarra cantante que viveu o verão intensamente, alegre e feliz a cantar, ou a formiga trabalhadora que passou todo o verão labutando árduamente pensando no seu conforto em tempos de frio e neve? Na verdade, não existe resposta correta, pois cada um sabe qual é a sua verdadeira razão de ser, quando chegou o inverno a cigarra penou os seus tempos de cantoria e lamentou não ter seguido o exemplo de sua colega, já a formiga, quando ainda era verão tinha vontade de sair por aí vivendo sua vida sem preocupações e responsabilidades, mas de certo modo ela sofreu um pouco, privou-se das gostosuras do verão para poder gozar de abundância na época mais dura do ano, o enregelado inverno! Qual foi mais feliz das duas?
O que é melhor? Viver a vida intensamente, fugir das preocupações e responsabilidades, pensar sempre no agora e achar que o futuro é o futuro, pois a vida é um breve instante, tudo isso em busca do seu bem estar pessoal, para depois na tristeza e na amargura chorar os dias vividos com tanta jovialidade e lamentar-se por sua situação precária, ser como a Cigarra dos contos populares? Ou, o melhor, é planejar seu futuro, trabalhar, criar responsabilidades, saber valorizar o seu trabalho para quando chegar os dias vindouros, olhar para trás e ver o quanto você foi privado das suas vontades, mas afinal, valeu à pena tanto esforço, pois seu conforto e felicidade é resultado do trabalho da sua vida, fruto da sua luta diária, seguindo assim o exemplo da pequena Formiga, que era grande nas suas atitudes?
Recordei-me deste conto por que ao mesmo tempo queria ter a felicidade da Cigarra no verão e o conforto da Formiga no Inverno, mas como seria exigir demais da natureza, prefiro ser como a Formiga no verão, trabalhar muito, para um dia ter um inverno mais prazeroso!

quinta-feira, junho 16, 2005

Junho


Junho - Alceu Valença

Eu sei que é junho, o doido e gris seteiro,
Com seu capuz escuro e bolorento
As setas que passaram com o vento
Zunindo pela, noite no telheiro.

Eu sei que é junho, esse relógio lento,
Esse punhal de lesma, esse ponteiro,
Esse morcego em volta do candeeiro
E o chumbo de um velho pensamento

Eu sei que é junho, o barro dessas horas
O berro desses céus, ai, de anti-auroras
E essas cisternas, sombra, cinza, sul

E esses aquários fundos, cristalinos
Onde vão se afogar mudos meninos
Entre peixinhos de geléia azul
...
Maio foi se embora, partiu sem deixar boas lembranças, foi-se assim como veio, do nada, quando dei por mim já era junho, o mês que marca a metade dos 365 dias que formam um ano, esse intervalo de tempo que perdura por 30 dias. E eu sei que o é, não pelos ventos que passam zunindo pelos telhados à noite, ou quando o inverno bate na porta sem ao menos perdir licença para entar, eu sei que é junho por causa das manhãs frias com seus dias quentes, por causa dos morangos que frutificam neste clima frio de início de inverno, dos caldos e dos chocolates que nos aquecem por dentro, e por causa das finas malhas que preparam o nosso corpo para a árdua estação que irá vingar para valer nos meses sucessores.
Já se passou mais da metade do mês, e eu onde estava todo este tempo? Sonhando, dormindo, hibernando, pensando e pensando, no quê? Seria muito bom saber, pois meus pensamentos existem à medida que deixam de existir! Pois bem, que o que restar de junho venha ser maravilhoso, já o que passou não posso ter esta mesma idéia.
Faz tempo que eu não posto nada aqui no blog, também, não ando com muita paciência para a internet estas últimas semanas, estou trabalhando mais, pois passei para outro setor na empresa, o que exige mais de mim. Hoje resolvi roubar das horas do meu sono, um pouco de bocejos e espreguiçamentos, mas mesmo assim querido blog não te deixei largado, creio que pensastes que te abandonei, mas como vês, não!