sexta-feira, setembro 30, 2005

Momentos

Não sei se lembras
Daqueles minutos de recreio
Aqueles momentos
Que à sombra do passado
Sentávamos num tapete mágico
De concreto e cimento
E recitavas Baudelaire,
E o seu Flores do mal!

Talvez consigas recordar
Dos planos para o futuro
Nossos objetivos inocentes,
Que confidenciávamos,
Achando que o mundo
Fosse um romance,
Que a Comédia Humana
Tivesse 97 páginas.

O futuro não chegou
Por mais que tenha passado
O presente é sempre o mesmo
Nossos planos mudaram
E a estrada que caminhávamos
E que tomava um só rumo
Bifurcou-se
E cada um de nós
Foi obrigado a caminhar
Por veredas distintas

Hoje, o meu maior sonho,
É voltar atrás e recomeçar,
Caminhar pela estrada
Dos tijolos amarelos,
E te reencontrar
Para seguir-mos juntos
Em um só caminho
E vivenciar os sonhos
Que sonhamos um dia.

segunda-feira, setembro 26, 2005

Luz

Img. "Faz-me Sonhar!" - Hugo Amador

You light up my life Você ilumina minha vida
LeAnn Rymes


So many nights I sit by my window
Por muitas noites eu me sentei junto à minha janela
Waiting for someone to sing me his song
Esperando por alguém para me cantar sua canção
So many dreams I kept deep inside me
Muitos sonhos eu guardei dentro de mim
Alone in the dark but now You've come along.
Sozinho na escuridão, mas agora você chegou.

And you light up my life
E você iluminou minha vida
You give me hope to carry on
Você me deu esperanças para continuar
You light up my days
Você iluminou meus dias
And fill my nights with song
E preencheu minhas noites com música

Rollin' at sea, adrift on the water,
Balançando no mar, a deriva nas águas,
Could it be finally I'm turning for home?
Poderia ser finalmente, eu estou voltando para casa?
Finally a chance to say: Hey! I love you!
Finalmente uma chance de dizer: Ei! Eu te amo!
Never again to be all alone
Jamais outra vez voltarei a ser só

And you light up my life
E você iluminou minha vida
You give me hope to carry on
Você me deu esperança para continuar
You light up my days
Você iluminou meus dias
And fill my nights with song
E preencheu minhas noites com música

It can't be wrong
Não pode estar errado
When it feels so right
Quando você se sente tão bem
Cause you
Porque você
You light up my life!
Você iluminou minha vida!

quinta-feira, setembro 22, 2005

Reflexos Dali

A Persistencia da Memória, 1931 - Salvador Dali

Verbo que não se conjuga
Sorte que não se cruza
Flor que não desabrocha
Destino que não se cumpre
Felicidade que não aflora
Tristeza que não se afoga
Aguardente que não enerva
Adaga que não rasga
Vida que não vinga
Água que não refresca
Fogo que não queima
Chama que não arde
Amor que não aquece
Memória que não deleta
Reflexos do meu passado

Minha cabeça é uma sala de cinema, minha lucidez é o projetor que reproduz no quadro da memória as histórias que tanto procuro apagar, o acervo que sem querer possuo. Triste vida essa minha, prisioneiro das lembranças que me arrastam por rios de leito caudaloso, no entanto, não sei onde essas águas carregadas me deixarão. Enquanto isso, vou assistindo a longa...longametragem, ficção que mostra como seria a sorte se tivesse arriscado muito do que não tinha para perder, e consequentemente debater nas rochas da corredeira que desagua em lugar algum.

"O Mundo é um lugar ruim, ... Um lugar terrível para se viver, mas eu não quero morrer"
"Reflections Of My Life" - Marmalade

domingo, setembro 18, 2005

Éolo, Brincalhão


Essa é a vista que tenho a partir da janela da cozinha do meu apartamento. Tirei esta foto justamente, na mesma hora, que Éolo fazia graça pelos ares, levantando as folhas dos eucaliptos e os pelos do corpo, desarrumando os cabelos das pessoas na rua e balançando os tecidos estendidos no varal.
Sempre verdes, não importa a estação que vinga, os eucaliptos, os pinheiros, e um punhado de araucárias que formam a paisagem no horizonte e o delineamento das ruas do meu bairro, estão sempre alí, não se sabe desde quando ou até quando, por isso, vale a pena registrar a verdejante paisagem que se desenrola diante dos meus olhos.
Hoje, passando de ônibus por vários bairros e ruas, percebi algo que muito me deixou curioso, nada de muito espetacular nem mirabolante; numa pequena praça, vi uma frágil muda plantada em terreno incerto, e uma frase escrita em tinta no gradado que a cercava: "Plante, que Jesus garante". Bonito, não! A esperança e a fé num ato de amor à natureza!
E os dias estão ficando mais frios, é a despedida do inverno trazendo seus ventos, e as garoas cada vez mais raras, dão o ar da graça nos derradeiros dias da invernal estação.

sexta-feira, setembro 16, 2005

s/t

Redijo cada texto como se fosse o último de uma pequena série de tantos outros que lancei ao vento. Por alguns dias, penso assim, a cada semana que se passa escrevo o derradeiro, encerro minhas memórias e deixo-as partirem. Logo, começo outro, então me dou conta que o fim é sempre o começo para mais um, não existe final, e quando existir nem mesmo eu terei consciência disto. Talvez seja este o último, ou não!

domingo, setembro 11, 2005

Devaneios

thousandimages.com

Um dia desses, como todos os outros, levantei-me preguiçosamente da minha cama quente, a manhã estava envolvida pelas brumas, e tudo exalava um ar misterioso, uma escura manhã de fim de outono anunciava, um dia quente da saudosa estação.
Hoje, manhãs de setembro, quentes auroras que preparam os dias para receber as flores das quais tanto desejamos para apagar a imagem fria dos dias invernais. Junho, julho, agosto, já se foram, agora são páginas arrancadas do calendário, são imagens que aos poucos se desbotam na mente de quem as viveu!
Eu lembro que no frio de agosto, a beleza das primaveras brotava e coloria o cinza que dominava as paisagens entrecortadas por prédios e casas. Se estediam nos muitos muros rabiscados e saturados de pichações e expressões que denotam a falta de interesse na cidade. As primaveras sempre repletas de cores e flores eram as que enfeitavam os dias chuvosos e mal delineados.
O perfume que sinto agora não são os das flores que ainda nem aos menos desabrocharam do ventre de suas entranhas, é o velho cheiro insuportável da memória, mofo e guardado que sobe quando estendo as minhas lembranças sobre um lençol branco de linho, o sol que os esquenta há de queimá-los e reduzí-los à pó, então no alto do prédio que moro, sacudirei-o e dispersarei aos quatro ventos todo o passado que abdico.
Que venham as flores da Primavera e que os ventos nos tragam em suas garras os perfumes do destino.

domingo, setembro 04, 2005

Um amor...

Costa Amalfitana

Io Che Amo Solo Te
Sérgio Endrigo


C'e gente che avuto mille cose Tem gente que tem mil coisas
Tuto il bene tuto il male del mondo Todo o bem, todo o mal do mundo
Il ho avuto solo te Eu só tenho você
E non ti perdero non ti lascero E não te perderei, não te deixarei
Per cercare nuove aventure Para procurar novas aventuras

C'e gente che ama mille cose Tem gente que ama mil coisas
E si perde per lastrade del mondo E se perde pelas estradas do mundo
Io che amo solo te Eu que amo só a você
Io me fermero e ti regalero Eu me quietarei e te darei
Quel che resta della mia gioventu O que resta da minha juventude


A noite já está escura, lá fora o mundo é um berço hostil, as pessoas dormem e sonham com amores e dores, paixões, fulgores, suspiram e acordadas poem-se a divagar, sonhar, com um amor impossível, eterno, que nunca envelheça, que sempre seja o verdadeiro oasis no deserto das areias quentes, que seja doce feito mel de laranjeira em flor, puro e inocente, sem pretensões, frágil feito a flor que trago no coração que já não é mais meu...
E antes de dormir, secar as lágrimas que carregam em si o sabor amargo da tristeza, que desce pelos cantos e morre nas almofadas que sustentam a cabeça pesada de alguém que já se acostumou a viver, sem o doce perfume, que o vento traz, dos teus cabelos.