domingo, março 19, 2006

Eu

Minha doce Florbela, tinha uma alma tão parecida com a minha, só que ela soube transformar em rima, sua dor infinda... me ensine Florbela, a rimar também minha sina...

EU... Florbela Espanca
Eu sou a que no mundo anda perdida,

Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...

Sou talvez a visão que alguém sonhou.
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!

terça-feira, fevereiro 28, 2006

Pra não esquecer



Um cavaleiro de triste figura, inconscientemente, emprestou-me sua alcunha...
Em aventuras quixotescas me perdi, me achei e me encontrei num deserto interior, em meio a gigantes moinhos de ventos lutei, contra a armadura que por peso e força me punha para baixo, minha grande batalha sempre foi com aquilo que me cobria e que me fazia forte... sou d. quixote pirateado, do paraguai, fabricado em série e sem garantia contra defeito...

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Vagalumes


Hoje, na escuridão da noite, algumas estrelas desceram à terra e brincaram felizes entre os eucaliptos...

domingo, fevereiro 19, 2006

Trois Gymnopèdies II

Essa música me passa uma serenidade de uma tarde de verão... é como se ouvisse os sons da floresta, entrecortados pelo sons das águas do riacho, que corre como a tarde, sereno como a orquestra sinfonica dos pássaros, os assovios dos ventos pelas árvores, o rolar das águas nos seixos lisos como gemas.
Se na minha vida não existisse o pesar, se o meu corpo fosse leve como uma folha que caiu no rio, se a minha voz fosse estridente como um passaro gorjeando de alegria, talvez eu não suportasse tamanha felicidade, morreria, mas com um sorriso sereno nos lábios!
O sol queima devagarzinho a pele que pede mais calor, a água refresca os pés cansados e rachados pelo caminhar da vida, o vento passa e levanta a poeira, confunde os nossos olhos e passa como num vulto, a terra firme forma a base do caminho que teremos que trilhar até a mais alta montanha, chegar lá, e quem sabe, ver a face do Criador, entender ao mesmo tempo, quão grande é a estrada que nos intercala, entender que somos pequenos demais, infinitamente minúsculos, que o mundo é um lugar excepcional, grande em proporções e generosidade, um lugar lindo e maravilhoso, onde tudo tem o seu sentido e o seu dever, tudo é programado para enobrecer a vida, até mesmo o fogo que destrói, mas que desperta a vida nas árvores que depende dele para florescer!
Ainda bem que tudo é bem real e os sentimentos são verdadeiros, a música toca, o sol queima, o rio corre, o pássaro canta, o poeta declama, o vento agita os cabelos da menina e sustenta a pipa no céu, o romanzeiro floresce, e os meu olhos podem ver tudo isso, sou tetemunho ocular da simplicidade da vida por um instante...

sábado, fevereiro 11, 2006

No title

Dois cheiros se misturam nas minhas narinas, cheiro de terra molhada, de chuva com sabor de infância; cheiro de leite com açúcar, com direito a espuma e a bigode, sabor doce que as minhas papilas apuram. Todos os sentidos são ativados, aqui nesse momento, vejo a chuva passar, cair vagarosamente na alma triste da tarde, e isso me faz recordar a satisfação logo após um banho de chuva nas bicas das casas, correndo pelas ruas com a turma, sem medo do futuro e do presente, isso me faz lembrar o café gostoso tomado logo após essas aventuras proporcionadas pela magia da chuva, isso me faz rememorar as esperanças colhidas em manhãs diante da televisão, quando se havia uma programação, sonhando em ser um Muppets Baby, ou fazer parte da Nossa Turma, quem sabe ser amigo da Punky ou atravessar os portais dos mundos sentado no lombo do Cavalo de Fogo... é saudades que não acaba mais...

sábado, fevereiro 04, 2006

Paris


Paris, ainda me lembro de suas esquinas,
E de Aline que se perdeu numa delas.
Desde então carrego comigo
Memórias tristes da cidade-lamparina

Venice


Veneza, uma vez eu a vi,
Num retrato em sépia,
Antigo como o próprio tempo,
Num álbum de casamento.

domingo, janeiro 08, 2006

Fairport

Agora o meu maior conforto é passar os dias ao som de Fairport Convention, não sei a tradução das letras, mas sei o que elas querem me passar, a voz não precisa de tradução para poder emocionar, ela é o fruto da disciplina e do dom que Deus distribui a cada um de nós, creio nisso, penso que por mais insignificante que seja, carregamos um dom, ainda não descobri o meu, mas na hora que eu mais precisar o encontrarei, apesar que analisando minha vida, estou necessitando agora, neste momento no qual o sol se esconde atrás das nuvens, e os ventos não se manifestam, e as águas não refrescam, e nem os pássaros cantam, pois estes estão como eu, presos numa gaiola, tristes e "incontentes".

domingo, janeiro 01, 2006

Amanhecer

1001 Amanheceres... foto de Bruno Moniz

Primeira aurora de 2006, tá bom que não tivemos um nascer do sol como o da imagem, o dia acordou nublado e com chuva, mas isso é um bom sinal, sinal de que o ano começou limpo e verde de vida, as serras orvalhadas e as folhas viçosas, que bom isso, faz-me pensar em grandes dias de sol, apesar da gripe que peguei, já espirrei por 2006, milhares de vezes e sei que ele me desejou saúde a cada acesso.
Feliz Ano pra todo mundo, quisera Deus que todos nós realizássemos pelo menos um sonho, por menor que seja! Hoje o dia é pra ler, e talvez hoje eu descobrirei por quem os sinos dobram.
Tchau e felicidades para todos!!!