sábado, junho 25, 2005

Retrato em Branco e Preto

Esta é a estrada estreita e longa pela qual trilharei neste inverno, um caminho que durará até a chegada da colorida primavera. As árvores já desprovidas de folhas pendem sobrecarregadas com o peso dos flocos de neve, que mais parecem algodão, seus raminhos são agora galhos secos e escuros, castigados pelo frio invernal, assim formam a alameda que margeia a comprida estrada que dará em lugar algum.
Os ventos do sul trazem consigo os mistérios dos quais procuro compreender, da vida escondida das minhas vistas, concebidas no ar do inverno, tráz o frio para me queimar o rosto, deixando-a vermelha e ressequida, arrancam-me lágrimas, não de sentimentalismos mas, de proteção aos olhos agredidos pelas fortes lufadas dos ventos invernais, os mesmos que trazem consigo a força para fazer brotar das árvores as folhas arrancadas no outono passado, conservando a vida e a vitalidade das coisas.
Sigo a estrada sem vontade e sem ânimo, os dias de inverno são compridos e rotineiros, a estrada me parece duas vezes maior do que a mesma no verão, com a graça da paisagem que se estende pelas colinas que são cortadas pela a alameda, na estação que vinga, tudo parece um retrato em branco e preto.
Mas... ouvindo a música da natureza, orquestrada pelos bichos que se escondem do frio, do ranger de dentes, das lufadas dos ventos que transpassam as árvores arrancando-lhes os seus gemidos, como se fosse um violino, ouvindo esta sinfonía, verdadeira rapsódia do ambiente frio e cinza, vou seguindo a pequena estrada comprida em busca da primavera que um dia baterá à porta e me mostrará um mundo colorido e perfumado.
Enquanto isso vou aproveitando o inverno da melhor forma possível...

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