domingo, setembro 11, 2005

Devaneios

thousandimages.com

Um dia desses, como todos os outros, levantei-me preguiçosamente da minha cama quente, a manhã estava envolvida pelas brumas, e tudo exalava um ar misterioso, uma escura manhã de fim de outono anunciava, um dia quente da saudosa estação.
Hoje, manhãs de setembro, quentes auroras que preparam os dias para receber as flores das quais tanto desejamos para apagar a imagem fria dos dias invernais. Junho, julho, agosto, já se foram, agora são páginas arrancadas do calendário, são imagens que aos poucos se desbotam na mente de quem as viveu!
Eu lembro que no frio de agosto, a beleza das primaveras brotava e coloria o cinza que dominava as paisagens entrecortadas por prédios e casas. Se estediam nos muitos muros rabiscados e saturados de pichações e expressões que denotam a falta de interesse na cidade. As primaveras sempre repletas de cores e flores eram as que enfeitavam os dias chuvosos e mal delineados.
O perfume que sinto agora não são os das flores que ainda nem aos menos desabrocharam do ventre de suas entranhas, é o velho cheiro insuportável da memória, mofo e guardado que sobe quando estendo as minhas lembranças sobre um lençol branco de linho, o sol que os esquenta há de queimá-los e reduzí-los à pó, então no alto do prédio que moro, sacudirei-o e dispersarei aos quatro ventos todo o passado que abdico.
Que venham as flores da Primavera e que os ventos nos tragam em suas garras os perfumes do destino.

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