domingo, janeiro 23, 2005

Uma Dia de Domingo

Um dia de domingo plenamente azul combina com ouvir Elis Regina, uma voz gostosa de se contemplar, que transforma a tarde em uma gostosa paz, sua música é muito contemplativa, pois ela tem o poder de nos fazer viajar por outros tempos, tempos e lugares distantes de nossa selva de pedras aonde vivemos e morremos um pouco todos os dias.
Neste exato momento estou ouvindo "Romaria" composição do Renato Teixeira, mas interpretada pela Elis, essa música me faz lembrar o bucolismo do Barroco obrigatóriamente impresso nos livros de literatura da escola, o homem desse período, levado pela falta de perspectiva perante a sujeição diante da sua condição de mortal, dizia ser a vida passageira, e essa transitoriedade da vida, relacionada à presença da morte e da degradação física e moral foram marcantes na arte produzida no barroco. "Romaria" evoca essa atmosfera de incerteza, a falta de perspectiva do homem e a sua vida errante que o faz buscar Deus em procura da salvação de sua alma, que é eterna. Esta música tem uma verdade explicita nela, a afirmação de que vida é uma passagem e de que a morte não existe quando se está com Deus.
Empoeirados de arte rebuscada o Barroco reluz ao brilho do ouro das Igrejas encantadas, os seus cantares melodiosos ainda está a nos rondar nas letras de muitas músicas que hoje refletem a profundidade das letras douradas de um tempo antigo, não tanto assim, mas rebuscado por natureza. Na verdade, acho esta música muito verdadeira e subjetiva!
Domingo combina com sol e sombra, caminhos curvos e retos, céu azul e chumbado de nuvens brancas, ventos e calmarias, cortinas de rendas espalhadas por todos os lados fazendo transparecer a luz do sol e, sossego, ouvindo Elis.

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