quinta-feira, abril 21, 2005

Jazz For A Quiet Times

Por que não um Jazz? Pergunto-me a mim mesmo o que ouvir nesta tarde quieta. Sim, Jazz! Seria perfeito para casar com esta frialdade no mundo do lado de fora. O céu... nublado está o céu, mas não o meu coração, ele está quente e pulsa, o fole que atiça o fogo é a música que me inspira os ouvidos, mas... lá, através desta janela que se abre para uma tarde de desencanto, o dia é um céu nublado, um ar pesado, que arrasta as folhas dos eucaliptos e os seus aromas refrescantes.
No escurinho, na alcova que me encontro, a única luz que se faz presente é a da caixa de sonhos ao qual me ponho diante, ela me mostra os sonhos dos outros que me faz mostrar o meu próprio, é nela que ouço as músicas que me aspiram na alma, elas vagueiam na atmosfera do quarto e entram pelos os meus ouvidos após bailarem neste espaço.
No momento estou me deliciando ao som de Autumn Leaves, na voz da Eva Cassidy, esta cantora que se foi tão cedo, mas que deixou em suas interpretações a grandeza de sua alma, e é isso o que importa, porque o nosso destino inevitável é o de sermos arrancados deste mundo, para, talvez brilhar-mos em outro. Nesse interím a música termina, mas não a inquietação, agora ouço Nightbird, da própria Eva, e me vem a mente um pássaro que vagueia sozinho a noite, ele prefere assim, o mesmo já sabe do seu destino ímpar, e não há nada mais solitário do que a noite para um pássaro.
A tarde permanece numa quietude angústiante, talvez não tanto pior, deveras se não fosse o Jazz, que acentua os tons desta incrível aquarela, pois lá fora o mundo assim me aparece, em cores fracas e tons pastéis sempre clássicos, porém aqui dentro, o quadro melhor se acentua em tons escuros de uma água-forte somente iluminada pela caixa dos sonhos que me mostra a mente, o incrível baú de tesouros abstratos que me descobre os pensamentos, as saudades, os gostos, as prosas e as poesias que alçam vôo na minha mente vazia.

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