terça-feira, abril 12, 2005

Trois Gymnopédies

Mark Kurtz photo
Bog River Flow - Mark Kurtz
Esta música é suave e terna, como a distante lembrança de uma época saudosa. Embalada por um piano delicadamente tocado, como um amanhecer cálido de outono, dá para ver até o rolar lento e arrastado das folhas estreladas ao vento que vem arrancar-lhas das árvores caducas, creio sentir os pássaros da floresta cantar em regozijo, uma sinfonia de bem-te-vis, quero-queros, joão-de-barros, e todo o passaredo que ouve e se faz ouvir pela alegria de suas composições, sim, o rio se faz presente no embalo desta romântica canção, suas águas são refrescantes, doces são os movimentos dos peixes que se mostram diante da transparência das suas águas, o rio corre entre as sombras e a claridade, e se faz adentrar no bosque de Broceliande, o riacho se torna cálido e gostoso, assim, ele flui recebendo em seu leito as folhas caídas, os frutos despencados e as notas do piano compassado, todo esse cenário real é uma fonte de inspiração para o fiel compositor, ele busca na vida e nos movimentos da natureza os elementos para dar vida à música que tem em mente, neste espaço limitado de Broceliande.
Tentei ao máximo reproduzir o cenário que surge na minha mente quando ouço Trois Gymnopédies, composição de Erik Satie, é indizível definir este arranjo, como é belo e gostoso ouvir esta música, por isso eu decidi colocá-la aqui. Creio que estas Gymnopédies carrega em suas notas a alma de Broceliande, que por ser tão introspectiva nos dá a sensação da melhor paz que há, a que vem de dentro.
Perdido no espaço e no tempo, estes toques suaves e ternos, provenientes das mãos disciplinadas de um pianista, vem nos encher de saudades a alma, quantas saudades de uma época apagada pelo tempo, no qual não vivi, mas que sinto a cada instante o vivenciar de suas personagens através das Três Gymnopédias, da música que se faz refletir através das eras, pois suas notas continuam vivas e fluem pelo vento como um eterno perfume aspergido no ar e, através de suas fotografias em sépia.

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