domingo, fevereiro 27, 2005

Livre Para Voar

Voe pensamento e vá de encontro à mais veloz águia que porventura estiver cruzando os céus em sua suma liberdade, pergunte a ela o que pode ser feito para se ser feliz. Quão grande é o céu, límpido azul como o de ontem ou cinza claro como o de hoje, porém nós estamos presos aqui, nesta ilha que é o mundo, neste lugar de desencanto e de lamúria, se ao menos encontrassemos um oásis em pleno deserto de areias escaldantes, talvez assim, eu não desejaria ser como tu águia, ter o firmamento como morada e o ninho entre as mais altas montanhas, verdadeiras muralhas no horizonte.
Aqui nesta terra firme, o sol queima nossas costas, as areias fervilhantes torram os nossos pés, o vento cálido termina por acabar com o nosso corpo deteriorado, mais do que o conjunto formado por ossos e músculos, a nossa alma também é atingida por essa forte onda que abafa os nossos verdadeiros sonhos, fogo que consome a vida. Como eu poderia ser feliz se pudesse flutuar no ar e subir até o limite dos céus, como seria refrescante sentir as primeiras brisas no céu a tocar no meu rosto, levantar os cabelos revoltosos com o vento e arrancar lágrimas dos meus olhos.
Por que Deus não nos fez com asas? Ele deve ter lá suas razões, talvez temesse que voássemos alto demais, então fugiríamos por aí, nos perderiamos nos limites do tempo e voaríamos acima do seu reino, acima do seu trono. Gostaria de ser igual a uma águia, ou a qualquer pássaro. Um ser que povoa o céu dos mais altos picos, no teto do mundo, que vive e voa livre por aí, sem eiras e nem beiras, sendo o céu o seu horizonte. O céu é o limite... e ser feliz é sentir-se livre como um pensamento lançado ao vento.
Mas pelo menos, Deus nos deu pernas para caminhar, e as plantas que vivem aterradas num mesmo lugar pelo tempo que lhe restar de vida?

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